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Heróis e Heroínas da Pátria

  • Autorenbild: Fabio Monteiro
    Fabio Monteiro
  • vor 1 Stunde
  • 3 Min. Lesezeit
Foto: Michelya1409
Foto: Michelya1409

“Infeliz o país que precisa de heróis” (Bertolt Brecht: A vida de Galilei)


Segundo nos informa o Senado Federal, “Herói ou heroína da pátria é um título dado a personalidades que tiveram papel fundamental na defesa ou na construção do país. O nome é registrado no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria — ou Livro de Aço, pois a obra de fato é formada por páginas de aço — abrigado no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.


Criado em 1992, o livro reúne protagonistas da liberdade e da democracia, que dedicaram sua vida ao país em algum momento da história. A inscrição de um novo personagem depende de lei aprovada no Congresso.“ (Fonte: Agência Senado)


O mesmo site relaciona a seguir os Heróis e Heroínas da Pátria em ordem alfabética, acompanhados respectivamente por uma imagem, uma curta biografia e a lei federal que os colocou no Livro de Aço.


Muito interessante também é a listagem dessas pessoas pela Wikipédia, feita desta vez em ordem cronológica (links abaixo) e com numeração até 75, além de apresentar uma interessante lista de cerca de 25 proposições de “candidatos” ao Livro. Saltam ao olhos de imediato duas informações relevantes. A primeira é que a lista é encabeçada por Tiradentes e o Marechal Deodoro da Fonseca, a segunda, é que ambos foram propostos pela Lei 7.919, de 11 de dezembro de 1989, como conversão da Medida Provisória 105, de 13 de novembro daquele ano, esta assinada pelo então presidente José Sarney. Ou seja, os primeiros da lista são anteriores ao Livro de Aço, que só veio em 1992.


Por Governo do Brasil - Mal. Deodoro
Por Governo do Brasil - Mal. Deodoro

Cada lista de homenagens revela tanto sobre os homenageantes quanto sobre os homenageados. Portanto, não surpreende saber que, às vésperas de se comemorar o centenário da República, o presidente em exercício proponha declarar seu primeiro colega como Herói da Pátria. Numa época em que já se sabia que a “Proclamação da República” foi um golpe militar apoiado por latifundiários descontentes pela abolição da escravatura, que não admitiam ser governados em breve por uma imperatriz casada com um francês meio surdo. Também se sabia, então, que tiveram que ajudar o idoso marechal Deodoro a montar num cavalo, e que este (o marechal, não o cavalo) não se sentia nada confortável na posição de conspirador, uma vez que tinha sido figura de confiança de D. Pedro II.


Quem percorrer a lista dos heróis e heroínas logo perceberá que há nomes controversos nela, pra se dizer o mínimo. Portanto, é melhor vasculhar entre os “candidatos” mais abaixo. Encabeçando esta lista, temos os mortos da Tragédia de Alcântara, que completou  anteontem 22 anos, sem que alguém se lembrasse disso. Na ocasião, o foguete VLS-1 explodiu durante seu lançamento, matando 21 civis, que desde então esperam ser lembrados como heróis.


Por Agência Brasil (Rose Brasil/ABr), CC BY 3.0,
Por Agência Brasil (Rose Brasil/ABr), CC BY 3.0,

Mais adiante, temos o cacique manaó Ajuricaba, um “líder da resistência contra a colonização portuguesa” entre 1723 e 1728, uma época quando nem se sonhava com o Brasil independente.


Por Americo Makk - CC BY-SA 4.0
Por Americo Makk - CC BY-SA 4.0

Temos também o soldado Mário Kozel Filho, morto às vésperas do seu 19º aniversário por um atentado da VPR quando cumpria o Serviço Militar num quartel de São Paulo, proposto como herói da pátria pelo então deputado Jair Bolsonaro.


Foto: Gazeta do Povo
Foto: Gazeta do Povo

E também encontramos o “escritor, astrólogo, polemista e influencador digital” Olavo de Carvalho, falecido em 2022 em Richmond/VA, EUA, e proposto pelas deputadas Bia Kicis e Carla Zambelli.


Por Alan Santos -  CC BY 2.0
Por Alan Santos -  CC BY 2.0

Minha maior surpresa foi descobrir entre os candidatos o imperador D. Pedro II. Por mais crítica a postura que tenhamos sobre a monarquia brasileira, é inegável que ele teve o seu “papel fundamental na defesa ou na construção do país” e também dedicou “sua vida ao país em algum momento da história”. Momento este que foi de 1841 a 1889, ultrapassando largamente o período de dedicação à pátria de quase todos os heróis e heroínas, consagrados ou não. É irônico constatar que seu “traidor”, o Marechal Deodoro, se tornou herói brasileiro da primeira hora, enquanto o traído permanece candidato.


Por Mathew Brady / Levin Corbin Handy
Por Mathew Brady / Levin Corbin Handy

O Congresso brasileiro não prima por retidão, altruísmo e grandeza. Mas vamos torcer por um lampejo de sabedoria e gratidão que coloque D. Pedro II, cujo bicentenário de nascimento se comemorará em dezembro, em companhia de seus pares, fazendo justiça a ele e ao Brasil.


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