Reinhold Koester (1911-1994)
Em abril de 1961 começava uma odisseia filatélica nas páginas 39 a 59 do Brasil Filatélico, o boletim número 129 do Clube Filatélico do Brasil, Rio de Janeiro. Naquelas páginas, Reinhold Koester apresentava seu Trabalho Sistemático de Carimbologia nestes termos:
Brasil Filatélico 129, abril de 1961
É interessante notar duas coisas: o tema já havia sido tratado por Koester em números anteriores do boletim, mas naquele momento estava dada a largada oficial para um projeto que ainda hoje perdura. Além disso, Koester cita por duas vezes Paulo Ayres, a quem via não só como mestre e amigo, mas também como um exemplo a seguir, atualizando o trabalho do pioneiro.
A Carimbologia foi sendo publicada com alguma regularidade no Brasil Filatélico até o final de letra L. A agência da estação ferroviária da Estação da Luz, em São Paulo, encerraria o ciclo de publicações carimbológicas no número duplo 203/204 (janeiro e junho de 1983) daquele boletim.
A partir daí, a Carimbologia seguiu sua trajetória nas páginas da editora carioca Liney, que imprimiu em 1985 um volume com todas as agências imperiais com a inicial M. É importante observar o que Koester escrevera para o prefácio daquele volume:
Carimbologia do Brasil Clássico XXVII, 1985
Ou seja, além de relembrar Paulo Ayres, outros mestres da filatelia brasileira são listados, em especial o Dr. Hildegardo de Carvalho, amigo do primeiro, que teria despertado em Koester a paixão pela carimbologia imperial. E note-se também a preocupação de Koester em sua corrida contra o tempo, para poder concluir seu trabalho.
Os volumes seguintes da Carimbologia, XXVIII a XXX, foram editados em versão bilíngue na Alemanha pela ArGe Brasilien entre 1986 e 1988 e continham as agências da letra N até a de Petrópolis/RJ. No prefácio da letra N, outra palavra pessoal de Koester, que desta vez menciona Hildegardo de Carvalho em primeiro lugar:
Carimbologia do Brasil Clássico XXVIII, 1986
Os últimos volumes da Carimbologia publicados por Koester foram os de números XXXI (1989, com agências de Philadelphia/GO a Piumhy/MG) e XXXII (1992, de Plataforma/BA a Purificação/BA). O primeiro livro foi impresso novamente pela Editora Liney, enquanto o segundo não traz nome de editora, o que leva a crer que o autor o imprimiu por conta própria.
O boletim de pesquisas F.40 da ArGe Brasilien de dezembro de 1994 trouxe na pág. 3 a notificação do falecimento de Koester, seguida por uma descrição de sua vida e uma palavra pessoal de Karlheinz Wittig:
“Reinhold Koester partiu em 8 de outubro de 1994. Com ele perdemos um membro honorário a quem somos muito gratos. Nascido em 9 de fevereiro de 1911 na Alemanha, partiu para o Brasil depois de um aprendizado comercial com seu tio em Düsseldorf. No Brasil, trabalhou na industria e comércio de produtos químicos. (...)
Seu mestre Dr. Hildegardo de Carvalho convenceu-o a se dedicar profundamente ao estudo de carimbos imperiais brasileiros, então uma grande lacuna na filatelia do país. O resultado de suas longas pesquisas começou a aparecer em 1961, numa produção monumental. Apesar de ter sido interrompida na letra Q, sua contribuição nesse campo é inestimável e incomparável. Esperemos que um colega mais jovem possa completar esse trabalho. (...)
Conheci Reinhold Koester em 1968, em Frankfurt, e logo falamos sobre carimbos (...) A leitura da nossa correspondência é sempre gratificante.
Ele foi também um Fellow da Royal Philatelic Society de Londres.
No ano passado ele nos ofereceu uma recepção durante a BRASILIANA. Não poderia imaginar que esse seria nosso último encontro. Reinhold Koester permanecerá inesquecível.”
Em abril de 2021 a Carimbologia do Brasil Clássico completa, portanto, 60 anos. E com a ajuda de todos vocês, finalizaremos juntos, até 2023, a tarefa que Koester iniciou.
Os volumes XXVIII a XXX de Koester estão ainda disponíveis na ArGe Brasilien:
E os volumes com as letras Q/R e S1 estão disponíveis na Filatélica Junges:
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