Atlas do Imperio do Brasil, 1868
A freguesia de N. Sra. do Rosário do Porto da Cachoeira foi fundada em 1696 e estava localizada na margem norte do rio Paraguaçu, 110 km a noroeste da antiga capital colonial Salvador da Bahia. Foi nomeada vila em janeiro de 1698 e, a partir de março de 1837, passou a ser chamada de Cidade Heróica de Cachoeira, em homenagem aos sangrentos confrontos entre soldados brasileiros e portugueses após a independência do Brasil.
Cachoeira era a cidade mais importante da província imperial da Bahia, depois de Salvador, e tinha mais de 70.000 habitantes por volta de 1880, mais do que o dobro da população atual. A prosperidade se baseava no transporte (importante porto fluvial), no comércio e na agricultura (cana-de-açúcar, tabaco) e aumentou com a linha férrea da E.F. Central da Bahia, que inaugurou lá uma bela estação em dezembro de 1876. Os trilhos entravam no prédio, protegendo os passageiros do sol e da chuva. Por outro lado, essa construção deixou claros vestígios de fuligem na fachada.
Por volta de 1957 (Foto: IBGE)
A linha férrea passou para a Chemins de Fer Fédéraux de l'Est Brésilien em 1911 e para a V.F.F. Leste Brasileiro em 1935. De 1975 até seu fechamento em 1996, pertenceu à Rede Ferroviária Federal S.A..
A partir do final do século XIX, a orgulhosa cidade começou seu declínio econômico, com o número de seus habitantes tendo reduzido em 25 %. A situação piorou por volta de 1924, quando os preços do tabaco caíram drasticamente e o tráfego fluvial tornou-se cada vez mais insignificante. A partir de 1940, o transporte ferroviário, que até então era fortemente subsidiado, também entrou em colapso, pois com a construção de estradas de rodagem as mercadorias passaram a ser transportadas por caminhão.
Agência postal de Cachoeira, 1949 (Foto: IBGE)
Foram encontradas duas datas de criação para a agência postal local. Uma em março de 1829, como escreveu Nova Monteiro em Administrações e Agencias Postaes do Brasil Imperio (Brasil Filatelico/RJ, 1934-5; reimpresso pela SPP 1994-1999). Depois, novamente em abril de 1835, como pode ser lido em Carimbologia VII, de R. Koester.
A riqueza da cidade nessa época se reflete na quantidade e na variedade de carimbos postais. O primeiro deve ser o CBA-0180a, encontrado até agora no período 1837-1843ff e registrado no catálogo da RHM como P-BA-05. Ele também é ilustrado no Catálogo de Carimbos Brasil-Império, de P. Ayres (S. Paulo, 1937, 1942), sob o nº 1131. No entanto, as ilustrações diferem ligeiramente uma da outra:
CBA-0180a (RHM P-BA-05, imagem da Internet, P.A. 1131)
Seguiu o CBA-0180b, cujo exemplar de 1873 é ilustrado em R. Koester (op. cit.):
CBA-0180b (RK) 1873
Seu sucessor, CBA-0180c, deve ser um tipo francês de 1879, de acordo com Koester, infelizmente sem ilustração até o momento. O carimbo CBA-0180d (ilustração de R. Koester), por outro lado, é tão conhecido, que é de se admirar a frequência com que foi usado no interior da província.
CBA-0180d (RK) 1886-1897
Quase exatamente paralelo a este, foi encontrado o CBA-0180e, o que leva a crer que ele (ou o seu contemporâneo) era destinado a uma agência ainda não descoberta da estação. Ele existe em diversas variantes, primeiro na forma original (col. Everaldo N. dos Santos):
CBA-0180e (ENS) 1886
Depois, a forma mostrada por P. Ayres (op. cit.) sob o nº 1722:
CBA-0180e (P.A. 1722) 1878ff-1887ff
Outras variantes mostradas por Koester:
CBA-0180e (RK) variantes
P. Ayres mostra, sob o nº 1724, uma variante que tem a estrela (como nos tipos franceses) na parte inferior. Koester acha que esse carimbo seria antes outra variante do CBA-0180e, como mostra a ilustração de Claudio Coelho:
CBA-0180f (P.A. 1724, recte CC) 1888ff-1891ff
Da coleção de Everaldo N. dos Santos vem uma variante bizarra que merece seu próprio número:
CBA-0180g (ENS) 1888
Dos vagões do correio que passaram por Cachoeira no último quartel do século XIX, restaram ainda três carimbos postais ambulantes:
CBA-0181a (ENS) 1885
CBA-0181b (RK) 1889-1893ff também azul escuro
CBA-0181c (FF) 1890-1892
Além disso, R. Koester nos mostrou um carimbo mudo e um carimbo para registrados de Cachoeira, ambos em um objeto de 1873, agora na coleção Fuad Ferreira Fo:
1873 (FF)
1873 (RK)
Comments